A Sofrência da Corrupção
No Brasil existem dois modelos de
interpretação pela nossa sociedade organizada, não desrespeitando a justiça, mas tem determinados fatos, que vira uma sombra distorcida, tendo em vista a necropsia que a
lei oferece a uns tantos e a outros não.
Ouvindo a dialética do Procurador Geral da
Nação, em tom de satisfação, grifou no seu cabedal jurídico, que o acordo de
delação premiada foi o instrumento mais valorizado nos últimos tempos, por força
da repatriação do dinheiro confiscado no exterior proveniente das ações dos
ladrões do erário público. Se não fosse a descoberta da Policia Federal, por
certo a Petrobrás já estaria à beira da falência.
Os críticos são taxativos em formular em
suas opiniões que somos o país da impunidade, onde nada se apura e quase tudo
termina em pizza.
Com a delação premiada proposta pela lei,
o que era banquete de pizza se tornou para esses corruptos, janta regada a caviar com salada de
bacalhau e outros condimentos misturados
a vinho francês, vodka russa e whisky americano, mesmo porque estão sabatinados
na ação criminal peixes codinominados tubarões, donos de empreiteiras,
executivos das ações públicas e outros dominadores da nossa vida empresarial,
que roubaram substancialmente o dinheiro dos projetos do governo e depositaram
em suas contas bancárias no exterior, foram delatados, indiciados e presos. Em
meio a toda essa vertente, fazem um acordo de cavalheiros com a justiça, devolvem vinte por cento do montante roubado frente ao
juiz e promotor e com cara de “sofrência”
acham que sua missão “tá” cumprida, além da delação premiada, os advogados ainda
pedem clemência e perdão judicial para seus clientes, alegando “estado de debilitação
emocional e pobreza”.
Ora, evidente que quem esconde uma maleta
com dois milhões, para se ver livre de uma ação mais pesada da justiça devolve
500 mil, faz sua parte no acordo, agrada as autoridades pela missão cumprida, e
quando for condenado a prisão domiciliar, irão gastar o resto nas calorosas
praias de Miami, na Torre Eiffel ou quem
sabe no santuário de Buda no Japão, e
tudo vira como “antes no quartel de
Abrantes”
Vejo muitos setores da imprensa
formularem suas críticas a favor do governo
da Indonésia, que levou ao pelotão de fuzilamento os brasileiros que foram presos
com droga naquele país, sugerem a idéia
que o governo deveria criar esta mesma
solução para fincarem em nosso Código Penal. Se estamos a conviver dentro de um
lastro grandioso de corrupção, e o filho de um bacana desses que são promovidos
a corruptos e a corruptores forem flagrados nessa linha de delinquência, por
certo só encontrarão essa dureza da lei o filho de Francisco ou de José, lavradores do interior que salvarão as crias desses magnatas que dominam a nação. Por outro
lado, se as ações desses caras que subtraíram o erário público fossem na China, aí sim que eles iriam ver o sol nascer
quadrado, com uma bala de fuzil na cabeça e a família teria que pagar pelo projétil
deflagrado pelo pelotão.
Por fim, a constituição fala no seu artigo
5º, que todos são iguais perante a lei, mais na prática esse volume se desintegra
quando a justiça vem de encontro
por seus meios jurídicos a topar com o rico e o pobre, cujo tratamento
em todos os quilates são bem diferenciados. Passei dez anos dentro de um
cárcere, pude observar o mais e o menos da história de cada um dos meus companheiros
de cela. Quem foi pego roubando uma lata de leite de 50 reais, foi sentenciado a
seis anos, outros que foram flagrados roubando um celular ou preso com uma
pequena quantidade de maconha, foram submetidos as mesmas sabatinas da lei,
porém ficaram por dois ou três anos encarcerados, sem direito ao que hoje os
caras que dilapidaram a Petrobrás foram beneficiados com a delação premiada.
Por certo se a aplicação dessa medida jurídica
for compartilhada com a classe desfavorável que vive superlotando as cadeias,
com certeza todo o sistema penal seria agraciado, e quem sabe estaremos abrindo
a porta para um controle efetivo dessa população e os cárceres não estariam
nesta sofrência dos dias de hoje.
Pegue a visão!
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