O Sariguê Corujebó
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"Sariguê, faro mais aguçado que o do cão. |
A Bahia realmente é a terra da magia negra
onde os caboclos, erês, pais e mães de santo se misturam para cumprir seus
rituais entre mandingas ebós e uma romaria de despachos que invoca os deuses
para fazer o bem e o mal. A Bahia é uma terra tão voltada para as seitas de
umbanda, que quando exú quer, o BAxVI só
termina empatado. Salvador é a cidade que possui o maior numero de bozós colocados em cada esquina, o candomblé
é o ritual mais respeitado nas oferendas da Bahia. Tem fatos que mostram uma realidade tão
grande que narrando as pessoas interpretam como um conto. Vou contar uma
história parecida com os caprichos fomentados pelas razões da umbanda:
Em épocas passadas quando me envolvi
literalmente no ramo da venda de drogas, foram vários os seguimentos que me
acompanharam nessa jornada, o equilíbrio mental humano denota uma ideia que
traficante ganha dinheiro no mole, e se torna um homem milionário do dia para
noite, que tudo em volta da sua vida delituosa é vista como mil maravilhas. Puro engano, o
traficante vive as margens da lei, portanto tem que estar de olho vivo a todo o
momento, se não vejamos o que pode acontecer. Ser alcaguetado, tomar pinote da
policia, além de ir preso, perde a mercadoria que na maioria das vezes é
consignada nas mãos de outrem que às vezes percorrem quatro mil quilômetros a
procura de clientes e ao final quer receber seu dinheiro, não importando a
maneira que irá cobrar, além dos ladrões desacreditados que ficam de espreita como um olheiro, a espera de um
vacilo para subtrair tal mercadoria, e outros alicerces do risco que corre uma
pessoa que se aventura a vender drogas, como sequelas ou morte prematura. Este
é o tamanho do acervo contraditório em que as pessoas pensam que traficar é
moleza. Quem quiser que vá pra essa!!!
Quando do meu envolvimento comercial de
vislumbrar a figura da droga, também passei por alguns dilemas, para me livrar
do flagrante, eu nunca armazenei entorpecente na minha casa como título de
guarda, mesmo porque eu evocava a ideia advinda da lei de tóxicos no seu artigo 12,
delatando como crime o entorpecente, em que o indivíduo for pego em flagrante
como guarda, transporte ou posse. Nesse refrão em que me amparava para exercer
essa atividade ilícita, quando a policia chegava, nada era encontrado, e assim
fui seguindo meu caminho. Procurei uma mata atlântica do outro lado da pista,
para esconder o produto adquirido, maconha e cocaína. Seis meses depois,
comecei a sentir baixa no meu estoque, elucubrava nas minhas noites ao clarão
da lua e o brilho das estrelas, o porquê da matemática estar desfavorável ao meu balanço, pois tudo estava perfeito, os
buracos sem sinais de rompimento e nenhuma possibilidade de um larápio vir
afanar os meus produtos químicos, já que coloquei cinco vigias ao redor da
mata, e nenhum deles conseguiu identificar o invasor. Para mim esse fato se
tornou um enigma, diante da montanha de prejuízo que estava alcançando o meu
bolso. Resolvi pessoalmente ser testemunha do suposto roubo, me revestir de roupa
adequada para prevenção do mosquito aedes aegypti que provoca chikungunya e a
zica. Na primeira noite de vigília tomei um impacto com relação a maconha, em
que eu batizava com mel e alcatrão, o esconderijo que armazenava os vinte
quilos fora descoberto de maneira ardilosa pelo ninho da formiga saúva e o rastro
em que elas deixaram em meio ao caminho, parecia mais corrida de cobra píton,
pelo saneamento dado ao percurso que me deixara apavorado, mas segui em frente
até a toca onde a referida maconha estava guardada, quando clareei o local
tomei um susto, milhares e milhares desses insetos que mais parecia as
montanhas da Serra Pelada, diante dos galhos de maconha que essas formigas
subiam e desciam na cabeça, deixando o saco completamente vazio.
Parti para desvendar o mistério da
cocaína que andava desaparecendo. Era uma noite sombria e a garoa abastecia
todo meu corpo, perto da toca com uma lanterna bem tenaz, observei uma família de
sariguês com seu olfato aguçado, era uma família que abrilhantava o perfil de
Sherlock Holmes, diante a destreza em sintonizar o seu faro de maneira precisa
na localização daquela substancia alcaloide, o seu método ficou quase infalível
em virtude da habilidade, pelo cheiro desenterrava a referida droga e com o
bando formado conduzia à diversas partes daquela mata que tivesse qualquer
sinal de bozó. Alicerçando a minha
mente, eu e mais alguns companheiros fizemos uma varredura em todo pé de árvore
em que o despacho era largado, quando veio a revelação: Todo furto praticado por aqueles
animais, que ainda dilaceravam os sacos , deixando o produto à mostra e era um fruto da ação religiosa da umbanda,
por ser os sariguês corujebós da mata.
Por fim
São esses mistérios em que a evolução da
ciência natural, compactuadas pelos homens ainda não sabem discernir fatos
reais dos contos e estórias que são
programadas para boi dormir. Ontem foi com o sariguê, amanhã poderá ser com
outro animal.
Pegue a visão.
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