sábado, 23 de maio de 2015

O Sariguê Corujebó



                             
             
                                         

                                       

                         O  Sariguê  Corujebó        

"Sariguê, faro mais aguçado que o do cão.   
            A Bahia realmente é a terra da magia negra onde os caboclos, erês, pais e mães de santo se misturam para cumprir seus rituais entre mandingas ebós e uma romaria de despachos que invoca os deuses para fazer o bem e o mal. A Bahia é uma terra tão voltada para as seitas de umbanda,  que quando exú quer, o BAxVI só termina empatado. Salvador é a cidade que possui o maior numero de bozós colocados em cada esquina, o candomblé é o ritual mais respeitado nas oferendas da Bahia.  Tem fatos que mostram uma realidade tão grande que narrando as pessoas interpretam como um conto. Vou contar uma história parecida com os caprichos fomentados pelas razões da umbanda:
        Em épocas passadas quando me envolvi literalmente no ramo da venda de drogas, foram vários os seguimentos que me acompanharam nessa jornada, o equilíbrio mental humano denota uma ideia que traficante ganha dinheiro no mole, e se torna um homem milionário do dia para noite,  que tudo em volta da sua vida delituosa  é vista como mil maravilhas. Puro engano, o traficante vive as margens da lei, portanto tem que estar de olho vivo a todo o momento, se não vejamos o que pode acontecer. Ser alcaguetado, tomar pinote da policia, além de ir preso, perde a mercadoria que na maioria das vezes é consignada nas mãos de outrem que às vezes percorrem quatro mil quilômetros a procura de clientes e ao final quer receber seu dinheiro, não importando a maneira que irá cobrar, além dos ladrões desacreditados que ficam de  espreita como um olheiro, a espera de um vacilo para subtrair tal mercadoria, e outros alicerces do risco que corre uma pessoa que se aventura a vender drogas, como sequelas ou morte prematura. Este é o tamanho do acervo contraditório em que as pessoas pensam que traficar é moleza. Quem quiser que vá pra essa!!!
       Quando do meu envolvimento comercial de vislumbrar a figura da droga, também passei por alguns dilemas, para me livrar do flagrante, eu nunca armazenei entorpecente na minha casa como título de guarda, mesmo porque eu evocava a ideia  advinda da lei de tóxicos no seu artigo 12, delatando como crime o entorpecente, em que o indivíduo for pego em flagrante como guarda, transporte ou posse. Nesse refrão em que me amparava para exercer essa atividade ilícita, quando a policia chegava, nada era encontrado, e assim fui seguindo meu caminho. Procurei uma mata atlântica do outro lado da pista, para esconder o produto adquirido, maconha e cocaína. Seis meses depois, comecei a sentir baixa no meu estoque, elucubrava nas minhas noites ao clarão da lua e o brilho das estrelas, o porquê da matemática estar desfavorável  ao meu balanço, pois tudo estava perfeito, os buracos sem sinais de rompimento e nenhuma possibilidade de um larápio vir afanar os meus produtos químicos, já que coloquei cinco vigias ao redor da mata, e nenhum deles conseguiu identificar o invasor. Para mim esse fato se tornou um enigma, diante da montanha de prejuízo que estava alcançando o meu bolso. Resolvi pessoalmente ser testemunha do suposto roubo, me revestir de roupa adequada para prevenção do mosquito aedes aegypti que provoca chikungunya e a zica. Na primeira noite de vigília tomei um impacto com relação a maconha, em que eu batizava com mel e alcatrão, o esconderijo que armazenava os vinte quilos fora descoberto de maneira ardilosa pelo ninho da formiga saúva e o rastro em que elas deixaram em meio ao caminho, parecia mais corrida de cobra píton, pelo saneamento dado ao percurso que me deixara apavorado, mas segui em frente até a toca onde a referida maconha estava guardada, quando clareei o local tomei um susto, milhares e milhares desses insetos que mais parecia as montanhas da Serra Pelada, diante  dos galhos de maconha que essas formigas subiam e desciam na cabeça, deixando o saco completamente vazio.
      Parti para desvendar o mistério da cocaína que andava desaparecendo. Era uma noite sombria e a garoa abastecia todo meu corpo, perto da toca com uma lanterna bem tenaz, observei uma família de sariguês com seu olfato aguçado, era uma família que abrilhantava o perfil de Sherlock Holmes, diante a destreza em sintonizar o seu faro de maneira precisa na localização daquela substancia alcaloide, o seu método ficou quase infalível em virtude da habilidade, pelo cheiro desenterrava a referida droga e com o bando formado conduzia à diversas partes daquela mata que tivesse qualquer sinal de bozó. Alicerçando a minha mente, eu e mais alguns companheiros fizemos uma varredura em todo pé de árvore em que o despacho era largado, quando veio a revelação: Todo furto praticado por aqueles animais, que ainda dilaceravam os sacos , deixando o produto à mostra e  era  um fruto da ação religiosa da umbanda, por ser os sariguês corujebós da mata.
     Por fim
     São esses mistérios em que a evolução da ciência natural, compactuadas pelos homens ainda não sabem discernir fatos reais dos contos e estórias  que são programadas para boi dormir. Ontem foi com o sariguê, amanhã poderá ser com outro animal.
      Pegue a visão.

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